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O estudo da Microbiologia em Moçambique

A palavra Microbiologia deriva do grego: mikros(“pequeno”), bios (“vida”), e logos(“ciência”): estuda os organismos microscópicos

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Introdução ao Estudo da Microbiologia

 
A palavra Microbiologia deriva do grego: mikros(“pequeno”), bios (“vida”), e logos(“ciência”).
 
Esta Ciência estuda os organismos microscópicos e suas actividades biológicas, istoé, verificam as diversas formas, estruturas, reprodução, aspectos bioquímico-fisiológicos, e seurelacionamento entre si e com o hospedeiro, podendo ser benéficos e prejudiciais.
 
A Microbiologia trata os organismos microscópicos unicelulares, onde todos os processos vitaissão realizados numa única célula.
 
 
 
 
Os microrganismos apresentam sistemas específicos para estudo das reacções fisiológicas, genéticas e bioquímicas, constituindo a base da vida.
 
Seu crescimento reprodução é rápido e em ritmo elevado, sendo que algumas espécies bacterianas podem apresentar 100 gerações em menos de 24 horas.
 
Os processos metabólicos microbianos são similares ao que ocorrem nos vegetais superiores e nos animais.
 
As leveduras, por exemplo, utilizam a glicose, basicamente do mesmo modo que as células de mamíferos, mostrando que o mesmo sistema enzimático está presente nestes organismos tão diversos.
 
História da evolução da Microbiologia
A Microbiologia e uma ciência que foi impulsionada com a descoberta do microscópio por Leuwenhoek (1632 – 1723).
 
 A partir da descoberta do microscópio e a constatação da existência dos microrganismos, os cientistas começaram a indagar sua origem, surgindo então, as teorias da abiogénese ou geração espontânea e a biogénese.
 
Apos os experimentos de Spallanzani que provaram que infusões quando aquecidas, esterilizadas e fechadas hermeticamente para evitar recontaminação impediam o aparecimento de microrganismos, a abiogénese foi descartada.
 
 
Os microrganismos são antigos, porem a microbiologia como ciência e jovem, uma vez que os microrganismos foram evidenciados há 300 anos e só foram estudados e compreendidos 200 anos depois.
 
 

Quem descobriu os microrganismos?

 
Antony Van Leuwenhoek (1632 – 1723) era um homem comum que possuía um armazém, era zelador da prefeitura e servia como provador oficial de vinhos para a cidade de Delft na Holanda.
 
Tinha como hobbypolir lentes de vidro, as montava entre fi nas placas de bronze ou prata para inspeccionar fibras e tecelagem de roupas, flores, folhas e pingos d’agua.
 
 Na época, era comum o interesse pelo mundo natural, mas Leuwenhoek tinha o cuidado de descrever,detalhadamente, tudo o que fazia e o que observava com suas lentes.
 
Leuwenhoek fez observações magnificas sobre a estrutura microscópica das sementes e embriões de vegetais, animais invertebrados, espermatozóides, sangue, circulação sanguínea etc.
 
Uma dimensão inteiramente nova enriqueceu a biologia (bio = vida, logia = estudo).
 
Todos os tipos principais de microrganismos que hoje conhecemos – protozoários, algas, fungos e bactérias foram primeiramente descritos por Leuwenhoek.
 
 

A Microbiologia como ciência

Muitos curiosos e cientistas contribuíram para o estudo da Microbiologia como ciência.
 
Seu inicio se deu na segunda metade do século XIX, quando os cientistas provaram que os microrganismos originaram-se de pais iguais a eles próprios e não de causas sobrenaturais ou de plantas e animais em putrefacção, como na teoria de geração espontânea.
 
A Microbiologia preocupa-se com o estudo dos microrganismos e de suas actividades.
 
Estuda a forma, a estrutura, a reprodução, a fisiologia, o metabolismo e a identificação dos seres microscópicos.
 
Estuda sua distribuição natural, suas relações recíprocas e com outros seres vivos, seus efeitos benéficos e
prejudiciais sobre os homens e as alterações físicas e químicas que provocam em seu meio ambiente.
 
 
Em sua maior parte, a Microbiologia trata com organismos microscópicos unicelulares.
 
Nos indivíduos unicelulares todos os processos vitais são realizados numa única célula.
 
Independentemente da complexidade de um organismo, a célula e, na verdade, a unidade básica da vida.
 
 No processo de reprodução, os organismos vivos mantém uma identidade de espécie, possuindo potencialidades de alterações, buscando encontrar um modo especial de sobreviver
 
Célula
 
A célula e uma estrutura tipica microscópica comum a todos os seres vivos.
 
Com os avanços da microscopia electrónica na década de 1940, foi possível a visualização de muitas estruturas da célula que seria impossível no microscópio óptico.
 
Todas as células se compõem de duas regiões internas principais conhecidas como núcleo e citoplasma.
 
O núcleo, que e circundado pelo citoplasma, contem todas as informações genéticas do organismo, sendo responsável pela hereditariedade.
 
O citoplasma é a sede primária dos processos de síntese e o centro das actividades funcionais em geral.
 
 
Em algumas células, o núcleo e circundado por uma membrana denominada de membrana nuclear ou carioteca.
 
Compreendem o grupo das eucarióticas, os protozoários, os fungos, a maior parte das algas. Estas células se assemelham as dos animais e plantas.
 
Em contraste, as bactérias e o pequeno grupo de algas azul-verdes se caracterizam por células menores procarióticas por não apresentarem membrana nuclear.
 
 
 
Células procarióticas
 
Estas células, não apresentam organelos membranares como:
 
 A mitocôndria,
Complexo de Golgi e;
 Retículo endoplasmático.
 
 O tamanho das células procarióticas geralmente, varia entre 0,25 x 1,2 μm e 1,5 x 4 μm, o que deixa claro que são menores que as eucarióticas.
 
Célula Eucariótica
 
 

Bacteriologia Geral

 
Morfologia e Ultra-Estrutura das Bactérias
Há uma grande variedade de tipos de bactérias e suas formas variam, dependendo do género da bactéria e das condições em que elas se encontram. Apresentam uma das três formas básicas: cocos, bacilos e espirilos.
 
Ultraestrutura de bactérias
Estruturas Externas
 

Cápsula:  

 
Algumas bactérias (gram-negativas ou positivas) estão rodeadas por um polímero polissacarídeo (a maioria) ou polipeptídico (no caso do Bacillusanthracis) a que se dá o nome de cápsula. Esta protege as bactérias contra o ataque fagocitário e é um forte factor de virulência.
 
Também se dá às cápsulas o nome de glicocálice.
 
 
Flagelos: Os flagelos são estruturas que conferem motilidade às bactérias. São constituídos por flagelinas.
 
Diferentes espécies bacterianas podem ter um ou mais flagelos ancorados em diferentes partes da célula; a sua disposição tem um significado taxonómico.
 
 
 

Fímbrias:

 
Também designadas por adesinas, as fímbrias (ou pili) são importantes para a adesão da bactéria às células do hospedeiro.
 
São típicas de bactérias gram-negativas como a E. coli. Podem ter uma distribuição uniforme ou polar.
 
 Pili sexuais ou pili de conjugação são fímbrias utilizadas para a conjugação e transferência de plasmídeos entre gram-negativos.
 
Estruturas Internas
 
Citoplasma bacteriano: é um sistema coloidal constituído por proteínas, lípidos, iões, hidratos de carbono, entre outras biomoléculas.
 
 se processam todas as reacções de catabolismo e de anabolismo da bactéria.
 
O genoma bacteriano é composto por um cromossoma de DNA circular, em dupla hélice e enrolado, encontrando-se numa discreta área com o nome de nucleóide.
 
No citoplasma ainda se encontram grânulos metacromáticos (constituídos por substâncias de reserva) e ribossomas (de duas subunidades: 30S + 50S).
 
 Estes últimos, por serem promotores da síntese proteica, são alvos preferenciais dos antibióticos.
 
A membrana citoplasmática: tem uma estrutura de dupla camada lipídica semelhante à das membranas dos eucariotas, embora sem colesterol (os micoplasmas são a excepção).
 
 Tal como nas mitocôndrias dos seres eucariotas, a membrana citoplasmática das bactérias é responsável pelo transporte de electrões e produção de energia.
 
Tem proteínas membranares. Algumas têm função de transporte (permeases), outras de biossíntese, outras são sensores.
 
Metabolismo e Cultivo das Bactérias
O cultivo dos microrganismos, em condições laboratoriais, é um pré-requisitopara seu estudo adequado.
 
Para que isto possa ser realizado, é necessário o conhecimento de suas exigências nutritivas e das condições físicas requeridas.
 
 

Tipos de nutrição de bactérias

As bactérias podem ser divididas em grupos com base em suas exigências
nutritivas.
 
A principal separação corresponde aos grupos fototróficos (organismos que utilizam a energia radiante como fonte de energia) e quimiotróficos (organismos incapazes de utilizar a energia radiante; dependem da oxidação de compostos químicos para a obtenção de energia).
 
 As bactérias fotolitotróficas e quimiolitotróficas são conhecidas, comumente, como autotróficas, ao passo que as espécies fotorganotróficas e quimiorganotróficas são designadas  heterotróficas.
 
Saprófitas, que se alimentam de matéria orgânica morta.
 
Outras podem ser Simbiontes, ou seja, mantém uma relação estreita com um organismo de espécie diferente.
 
Meios Bacteriológicos (isolamento)
Os meios de cultura, de acordo com a sua aplicação ou função, podem ser
classificados, entre outros, como:
 
Meios Enriquecidos: a adição de sangue, soro ou extratos de tecidos animais ou vegetais ao caldo ou ágar nutritivos proporciona nutrientes acessórios, de modo que o meio possa permitir o crescimento de heterotróficos fastidiosos.
 
Meios Seletivos: a adição de certas substâncias químicas específicas ao ágar nutritivo previne o crescimento de um grupo de bactérias sem agir sobre outras.
 
O cristal violeta, por exemplo, em uma dada concentração, impede o crescimento de bactérias gram-positivas, sem afetar o desenvolvimento das bactérias gram-negativas.
 
Meios Diferenciais: a incorporação de certos reagentes ou substânciasquímicas no meio pode resultar num tipo de crescimento ou modificação, após ainoculação e a incubação, que permite ao observador distinguir os tipos de bactérias. Por exemplo, inoculando-se uma mistura de bactérias num meio de ágar sangue, algumas das bactérias podem hemolisar (destruir) as células vermelhas e outras não.
 
A zona clara ao redor da colônia é a evidência de ter ocorrido a hemólise. Assim, pode-se estabelecera distinção entre bactérias hemolíticas e não-hemolíticas, de acordo com o seu desenvolvimento.
 
 

Reprodução das bacterias

 
Quando os microrganismos estão em um meio apropriado (alimentos, meios de cultura, tecidos de animais ou plantas) e em condições ótimas para o crescimento, um grande aumento no número de células ocorre em um período de tempo relativamente curto.
 
A reprodução das bactérias se dá, principalmente, de forma assexuada, em que novas células iguais a que deu origem são produzidas.
 
As bactérias se reproduzem assexuada-mente por fissão binária, na qual uma única célula parental simplesmente se divide em duas células filhas idênticas. Anteriormente à divisão celular, os conteúdos celulares se duplicam e o núcleo é replicado.
 
O tempo de gera-ção, ou seja, o intervalo de tempo requerido para que cada microrganismo se divida ou para que a população de uma cultura duplique em número é diferente para cada espécie e é fortemente influenciado pela composição nutricional do meio em que o microrganismo se encontra.
 
Classificação e nomenclatura das bacterias
A classificação das bactérias pode ser realizada de acordo com vários critérios, sendo os principais a parede celular, formato e arranjo.
 
 

Parede celular

 
As bactérias podem ser classificadas de acordo com vários critérios, sendo um deles a parede celular.
 
De acordo com as características da parede celular desses organismos, podem ser classifidos em bactérias gram-positivas, gram-negativas e micoplasma.
 
É chamado de coloração de Gram o método de coloração utilizado para diferenciar espécies bacterianas em dois grupos, bactérias gram-positivas e gram-negativas.
 
Entre os fatores que irão diferenciar gram-positivos de gram-negativos, está a coloração das bactérias, a composição e propriedades químicas e físicas das paredes celulares.
 
As bactérias gram-positivas possuem uma quantidade maior de peptidioglicano, o que promove maior rigidez e espessura.
 
 Ligados ao peptidioglicano, há ácidos teicoicos e lipoteicoicos.
 
Nas bactérias gram-negativas, por sua vez, observa-se uma menor quantidade de peptidioglicano e não há ácidos associados.
 
No grupo denominado de micoplasma estão bactérias que não possuem parede celular.
 
As bactérias gram-positivas serão azul violeta, enquanto as gram-negativas serão vermelhas.
 
 
A técnica de coloração Gram em análises clínicas é usada principalmente para identificar preliminarmente a morfologia das bactérias ou para estabelecer se há um número significativo de bactérias nas amostras clínicas.
 
Vale ressaltar que algumas bactérias não se coram ou coram-se fracamente.
 
 

Formato e Arranjo

 
As bactérias também podem ser classificadas de acordo com a sua forma e arranjo. Veja a seguir os principais grupos classificados com base nesses fatores:
 
1.  Cocos: Bactérias que possuem formato esférico
 
 
2. Bacilos:
 
Bactérias que possuem formato de bastão.
 
 
3.Espirilos:
 
Bactérias espiraladas rígidas.
 
Estas bactérias têm uma forma espiralada. Podemos destacar deste grupo os víbrios (em forma de vírgula) e as espiroquetas (mais finas).
 
As espiroquetas são bactérias flexíveis, cuja motilidade se deve a filamentos axiais (endoflagelos) localizados entre a membrana citoplasmática e a parede.
 
Existem ainda bactérias com outras formas, como por exemplo os  tricomas e bactérias com formas filamentosas.
 
Nomenclatura taxonômicadas Bacterias
Considerando que todos os seres vivos, e mesmo objetos inanimados,podem estar dentro de vários tipos de classificação, todos deverão cpossuir um nome para que sejam reconhecidos como pertencentes àquele táxon ou categoria.
 
 
Esse sistema possuía dois princípios básicos:
 
1. O uso de palavras latinas, para nomear os grupos de organismos.
 
2. O uso de categorias de classificação, estabelecendo uma hierarquia.
 
Inicialmente, as categorias propostas por Lineu foram: reino, classe, ordem, género e espécie.
 
Assim, actualmente usamos: reino, filo, classe, ordem, família, tribo, género e espécie. Alguns especialistas sugerem que, de acordo com cada caso, podem ser adicionadas outras categorias, como subfilo, superclasse e subespécie.
 
A organização taxonómica havia, então, sido criada com o intuito de classificar, ordenar e identificar os microrganismos, passando a se dividir em classificação, nomenclatura e identificação:
 
A. Classificação – Divide os microrganismos em grupos, de acordo com as características artificiais ou naturais.
 
 
 As classificações artificiais são baseadas nas características fenotípicas (expressão), principalmente morfológicas e fisiológicas dos microrganismos.
 
Já as classificações naturais, como já falamos, são baseadas nas relações filogenéticas moleculares das bactérias, através de comparações na sequência de várias macromoléculas ou genes (genotípica).
 
B. Nomenclatura (no nosso caso bacteriana) – Refere-se ao nome do microrganismo, seguindo o Código Internacional para Nomenclatura de Procariontes (InternationalCommitteeonSystematicofProkaryotes).
 
 Este contém todos os princípios e recomendações para a descrição de uma nova unidade de classificação (ou táxon, no plural taxa), em espécie, género ou família.
 
As regras do código internacional baseiam-se no sistema binominal desenvolvido por Linnaeus: o  nome de uma espécie bacteriana é proveniente da combinação, em latim, formado de duas partes, o nome do género, seguido pelo nome da espécie bacteriana. Como, por exemplo:
 
 
Escherichiacoli(Escherichia é o género, e coli a espécie).
 
Seguindo a regra, apenas a primeira letra do nome do género é escrita em maiúscula, e o nome completo deverá ficar em itálico ou sublinhado.
 
Exemplo: Escherichiacoli ou Escherichiacoli.
 
C. Identificação – É um processo que determina as características do microrganismo, sua relação com microrganismos similares ou diferentes, e, posteriormente, com base nesses achados, indica-lhe o nome.
 
Normalmente o nome da espécie determina uma característica morfológica ou bioquímica ou pode homenagear uma pessoa ou lugar.
 
Para citar uma espécie que não tenha sido identificada, mas que conhecemos o género, faz-se uso da abreviatura sp., que significa espécie.
 
Por exemplo, Klebsiellasp., ou seja, uma espécie qualquer do gêneroKlebsiella.
 
Se for necessário fazer referência a várias espécies do género, a abreviatura a ser utilizada é spp., espécies: Klebsiellaspp. Deve ser observado que sp. ouspp. não são escritos em itálico ou sublinhados.
 
 
Actualmente, a taxonomia e a nomenclatura são realizadas por determinações genéticas (homologia do DNA, análise de sequência do DNA, análise do RNA 16S ribossómico).
 
Permitindo sistemas taxonômicos mais estáveis, onde as modificações de nomes sejam menos frequentes.
 
Bactérias De Importância Médica
Cocos Gram-Positivo
 Os cocos gram-positivo são uma colecção heterogénea de bactérias.
 
Em comum têm a sua forma esférica, a reacção da coloração de Gram e a ausência de endósporos.
 
 A presença ou ausência de actividade da enzima catalase é um teste simples que é usado para subdividir os vários géneros.
Staphylococcus (Estafilococos)
Os Staphylococcus pertencem à famíliaMicrococcaceae e em conjunto englobam 35 espécies.
 
As células deste grupo crescem num padrão que faz lembrar um cacho de uvas; no entanto, em material clínico, eles podem aparecer como células únicas, em pares ou em cadeias curtas.
 
São imóveis, não formam esporos, são anaeróbios facultativos e formam cápsula (que lhes proporciona resistência à fagocitose).
 
São catálase positivos. A sua temperatura ideal de crescimento é de 18° a 40°C e podem suportar bílis e altas concentrações de sal (max. 10% [NaCl]).
 
Nos humanos, estas bactérias estão presentes na pele e nas membranas mucosas.
 
Estas bactérias possuem à sua volta uma “slimelayer”, uma camada exterior constituída por um muco de polissacarídeos, glicoproteínas e glicolípidos cuja função é a de proteger a bactéria de perigos ambientais e permite a sua adesão a superfícies lisas.
 
Este facto faz com que estas bactérias adiram a, por exemplo, cateteres e sondas, podendo entupi-las.
 
 
Diagnóstico
 
 Para um diagnóstico acertado é necessário a observação microscópica do espécimen clínico, cultivado em meios nutricionalmente ricos (ex. gelose sangue), pois tem uma pigmentação esbranquiçada (excepto o S. aureus que tem uma pigmentação amarelada).
 
A identificação do espécimen em causa pode ser feita a partir da análise das propriedades bioquímicas do mesmo, ou por análise de DNA.
 
Terapêutica
 
 Hoje em dia, menos de 10% das estirpes de estafilococos são sensíveis à penicilina, pois produzem penicilinase (β-lactamase).
 
A informação genética que codifica esta enzima está contida em plasmídeos transmissíveis, o que facilita a rápida disseminação da resistência nos estafilococos.
 
Foram então criadas penicilinas semi-sintéticas resistentes à penicilinase, mas cerca de metade das estirpes de estafilococos já são resistentes a essas penicilinas (gene mecA): estirpes meticilino resistentes (MRSA) – infecção normalmente hospitalar. Vancomicina é normalmente a solução para estes casos, mas já começaram a surgir novas estirpes resistentes – gene vanA (embora sejam raras).
 
 
 Prevenção
 
 
 Sendo que as estirpes resistentes de estafilococos se encontram nos hospitais, é importantíssimo a lavagem das mãos após o contacto com cada doente e manter a limpeza e a assepsia das feridas cutâneas.
 
Como medida preventiva também se pode optar pela quimioprofilaxia para a erradicação dos portadores nasais de estafilococos.
 
Streptococcus(Estroptococos)
Os estreptococos são cocos gram-positivos em cadeia. São imóveis, não formam esporos e alguns são capazes de formar cápsula.
 
Tal como os estafilococos, são anaeróbios facultativos, mas, por contrário, são catalase negativos.
 
Produzem ácido láctico por fermentação de hidratos de carbono.
 
Alguns são capnofílicos.
 
Estas bactérias crescem em meios ricos como a gelose sangue.
 
Nesse meio podem produzir diferentes padrões de hemólise (α-hemólise: hemólise incompleta, β-hemólise: completa, γ-hemólise: inexistente).
Patologias
Estas bactérias podem originar:
 
Doenças supurativas19: faringite, amigdalite, celulite, fasciite necrosante (mais conhecida como a “flesheatingbacteria”), erisipela (infecção aguda da pele), impetigo, piodermite, escarlatina (complicação da faringite);
Síndrome do choque tóxico estreptocócico, Infecção puerperal e Linfadenite; Sinusite, Otite média, Rinite, Pneumonia;
Complicações pós-estreptocócicas não supuradas: febre reumática e glomerulonefrite aguda.
 
Diagnóstico
 
O diagnóstico pode ser feito a partir da observação microscópica do espécimen clínico proveniente da cultura em meios nutricionalmente ricos (ex. gelose sangue) e pela identificação pelo estudo das propriedades bioquímicas: sensibilidade à bacitracina ou a pesquisa da enzima PYR.
 
Outros estudos como a detecção de antigénios ou a detecção de anticorpos (por exemplo, o teste ASO, que mede os anticorpos contra a estreptolisina O)também são úteis na identificação desta bactéria.
 
Terapêutica
 
A maioria dos Streptococcuspyogenes é sensível à penicilina. Caso contrário, pode–se adoptar o uso de eritromicina ou de cefalosporina
 
 

Cocos Gram-Negativo

 
As espécies de Neisseria tem como característica morfológica serem diplococos Gram negativos mais achatadas nas laterais, dando a forma de rins ou dois grãos de feijão unidos por uma ponte.
 
Apenas a espécie N. elongata difere desta morfologia, sendo diplobacilos ou diplococo-bacilo.
 
Todas neisserias são oxidase positivas e catalase positivas, excetoNeisseriaelongata e Kingella
denitrificans.
 
Todas utilizam carboidratos por via oxidativa e não fermentativa, sendo baixa a acidez, de modo que podem acontecer reações duvidosas com o meio CTA (CistyneTripticase Agar) com indicador vermelho de fenol, que sempre foi muito utilizado em rotina.
 
As diferentes espécies de neisseria, incluindo N. meningitidis e N. gonorrhoeae, são analisadas junto com a Moraxellacatarrhalis, Moraxellaspp., Acinetobacterspp., Kingellaspp e Alcaligenesspp.
 
Pelas características morfológicas de serem cocos ou cocóides ao Gram e pela possibilidade de haver confusão na sua identificação.
 
Quanto a sua importância clínica, a maioria das neisserias é comensal vivendo em mucosas de
humanos e animais.
 
Neisseria gonorrhoeae
É sempre considerada patogênica, de transmissão sexual ou pelo parto e indicativa de tratamento.
 
No homem causa uretrite, sendo até 50% assintomática e está relacionada a complicações como epididimite, prostatite e estenose uretral.
 
Na mulher causa corrimento vaginal, endocervicite, uretrite, abscesso vestibular, salpingonegooforite e doença inflamatória pélvica.
Pode ser isolada também na mucosa oral e anal, e em récem-nascidos pode causar uma conjuntivite denominada Oftalmia neonatorum.
 
A doença sistêmica disseminada pode ocorrer em 1 a 3% dos pacientes infectados, principalmente em assintomáticos e caracterizada por febre, tremores, lesões cutâneas, artrite de extremidades. As lesões cutâneas são do tipo máculo-pustulares ou hemorrágicas, com centro de necrose. Raramente ocorre artrite séptica com 50% de positividade de isolamento.
 
Pode ocorrer meningite e endocardite.
 
Diagnóstico
 
O diagnóstico pode ser feito pela clínica da doença (para além das manifestações clínicas há leucocitose).
 
A coloração de Gram em líquido cefalorraquidiano (punção lombar) é muito sensível e específico, mas tem valor limitado em especímenes de sangue (muito poucos microrganismos costumam está lá presentes, em excepção de um caso de sépsis generalizada).
 
É possível também efectuar hemocultura. Outros meios de identificação e diagnóstico podem ser usados, como a PCR e a TAC-CE, se possível.
 
Prevenção e Terapêutica
 
 A prevenção pode ser efectuada de dois modos diferentes: por quimioprofilaxia, com administração de sulfonamidas e rifampicina (útil para indivíduos em contacto com doentes), e por imunoprofilaxia, com administração de vacina (para os serogrupos A, C, Y e W135) para maiores de 2 anos (o serogrupo B é pouco imunogénico). O tratamento é feito com penicilina.
 
Em caso de estripes resistentes (com β-lactamases) pode-se utilizar cloranfenicol e cefalosporinas.
 
Neisseria meningitidis
 
Pode causar meningite, infecção sistêmica grave com coagulação intravascular disseminada (CIVD) e elevada mortalidade, podendo causar em associação outras infecções (conjuntivite,
 
artrite, sinusite e pneumonia). Em mucosas pode ser isolada em portadores sãos em 5 a 15 %
dos indivíduos e por períodos de semanas a meses. A transmissão se faz por vias aéreas.
Patologias
 
Esta bactéria pode originar:
 
No homem: uretrite purulenta com disúria (gota matinal); complicações como a epididimite, prostatite e abcessos periuretrais podem ocorrer. 95% de todos os homens infectados apresentam sintomas.
Na mulher: corrimento vaginal, disúria, cervicite e dor abdominal; em 10 a 20% das mulheres infectadas observa-se salpingite, abcessos tubo-ováricos e doença inflamatória pélvica.
 
No recém-nascido: conjuntivite – oftalmia neonatal.
Diagnóstico
 
Efectuado pelo estudo do exsudato uretral/do cervix. Também se podem efectuar culturas e PCR.
Prevenção e Terapêutica
 
Para os recém-nascidos a profilaxia é feita com nitrato de prata a 1%. A oftalmia neonatal é tratada com ceftriaxona.
 
Não existem vacinas disponíveis, a prevenção deve ser feita pelo uso de preservativo.
O tratamento passa pelo uso de penicilina e, em caso de resistências, quinolona e cefalosporina.
 
Moraxella (Branhamella) catarrhalis
Potencial peptógeno de vias aéreas, principalmente em crianças e adultos jovens. Causa com maior frequência otite, sinusite e pneumonia.
 
Mais raramente pode causar endocardite e meningite. Em idosos, após o Haemophylusinfluenzae e o Pneumococo, constitui a terceira causa de pneumonia em pacientes com doença pulmonar obstrutiva crónica.
 
Em adultos raramente é isolada em pacientes assintomáticos.
 
Cerca de 80% das cepas são produtoras de beta-lactamase, e são detectadas através do teste do Nitrocefin (cefalosporinacromogênica).
 
 
Outras espécies de Neisseria raramente são isoladas em casos de endocardite.
 
Bacilos Esporulados Gram-Positivo
Género Bacillus
 
 
Os bacilos deste género são da família Bacillaceae e estão dispostos em cadeias. Eles podem ser aeróbios ou anaeróbios facultativos; em aerobiose eles são formadores de esporos.
 
Estes organismos são saprófitas ubiquitários.
Bacillusanthracis
 
 
 O bacillusanthracis é um organismo largo que em especímenes clínicos se apresenta em forma de bastonete único, em pares ou como um longa cadeia serpenteante.
 
 Forma esporos, mas estes não são observados em especímenes clínicos; os esporos podem sobreviver no solo por vários anos. Não é móvel e é um anaeróbio facultativo.
 
Esta bactéria raramente é isolada em países desenvolvidos mas é prevalente em locais onde a vacinação animal não se faz.
 
Os indivíduos em risco são aqueles que
 
contactam com animais ou solos infectados. O maior risco desta bactéria em países industrializados é o seu uso como arma biológica. Os factores de virulência são três toxinas proteicas (antigénio protector,
factor edema e factor letal) produzidas por um plasmídeo. Individualmente estas não são tóxicas, mas sim em conjunto (toxina trivalente), pois formam a toxina edema (EdTx) e a toxina letal (LeTx). Em estirpes virulentas há a presença de cápsula.
 
Género Clostridium
 
 As bactérias deste género são uma colecção de bacilos gram-positivos, formadores de esporos. Alguns formam cápsula e podem ser móveis – flagelos perítricos.
 
 São anaeróbios estritos, mas alguns são aerotolerantes.
 
 Eles são ubiquitários: podem encontrar-se em diversos lugares como no solo, na água, nos esgotos, na flora gastrointestinal do homem e de diversos animais.
 
 
Clostridiumperfringens
 
 A Clostridiumperfringens é uma bactéria que pode estar associada com uma simples colonização ou com uma doença letal. São largos e rectangulares. Formam esporos, embora eles sejam raramente vistos em especímenes clínicos em cultura. Replicam-se rapidamente.
 
 
Os factores de virulência são imensos, pois esta bactéria produz muitas toxinas, desde fosfolipases (toxina α), proteases (toxina λ) até toxinas hemolíticas (toxina δ). Devido à grandequantidade de toxinas produzíveis, estas bactérias são divididas em 5 tipos (A-E); a do tipo A é responsável pelo maior número de infecções humanas.
 
 A transmissão dá por inoculação em tecidos profundos lesados (onde não haja O2).
Patologias
 
As patologias causadas por esta bactéria têm uma elevada taxa de mortalidade; as doenças são fatais em cerca de 2 dias quando não são tratadas. Esta bactéria pode originar:
 
Celulite; Miosite supurativa ou fasciite, com exsudato purulento com cheiro fétido;
Mionecrose: causa destruição rápida e dolorosa de tecidos musculares, com elevada mortalidade se se espalhar sistemicamente;
 
Intoxicação alimentar.
Diagnóstico
 
 O diagnóstico é feito a partir da observação microscópica de culturas em anaerobiose, ou do exame directo das amostras biológicas.
 
Prevenção e Terapêutica
 
 A limpeza cuidada e o tratamento das feridas, acompanhada pelo uso de antibióticos previne a maioria das infecções. Se ocorrer infecções sérias, é essencial a rapidez; deve-se efectuar o desbridamento cirúrgico das feridas e usar penicilina.
 
Clostridiumtetani
 
 A Clostridiumtetani é um bacilo móvel e formador de esporos. As bactérias desta espécie não fermentam hidratos de carbono e são anaeróbios estritos (difíceis de isolar a partir de especímenes clínicos). Como colonizam o tracto gastrointestinal dos animais, muitos dos seus esporos vão-se encontrar no solo.
 
 A transmissão dá-se então por inoculação dos esporos em teOs factores de virulência são a tetanolisina (uma hemolisina) e a tetanospasmina36 (uma neurotoxina).cidos lesados.
Patologias
 
 
 Esta bactéria pode originar:
 Tétano generalizado, localizado ou neonatal (mais de metade); a mortalidade é de 30-50%.
Diagnóstico
 
O diagnóstico é feito essencialmente pela apresentação clínica.
 
As toxinas são indetectáveis no sangue, logo é necessário recorrer ao uso de culturas. Apenas 30% dasculturas são positivas, mas pode-se efectuar uma pesquisa das toxinas nos organismos em cultura.
 
Prevenção e Terapêutica
 
Existe vacina para o tétano, com doses de reforço a cada 10 anos. O tratamento da doença passa pela vacinação, terapia antibiótica com penicilina ou metronidazol e pelo desbridamento da ferida.
 
 

 

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