A Batalha da Biogênese e Abiogênese

1. A investigação de Francesco Redi

Durante o ano de 1668, Francesco Redi, um cientista, decidiu investigar a origem dos vermes que apareciam durante o processo de decomposição. Redi observou que os corpos em decomposição eram de grande interesse para as moscas, que depositavam seus ovos dentro deles.

 Esses ovos eclodiriam, dando origem a larvas que eventualmente se transformariam em moscas adultas. Redi concluiu que essas larvas não eram geradas espontaneamente nos corpos em decomposição, mas sim originadas dos ovos postos pelas moscas que por elas eram atraídas.

 

1.1. Experiência de Redi

Para comprovar sua hipótese, Redi conduziu um experimento em que colocou pedaços de carne crua em potes. Alguns dos frascos foram deixados descobertos, enquanto outros foram cobertos com gaze. Segundo a teoria da abiogênese, a decomposição da carne deveria ter produzido vermes ou moscas.

 Contudo, isso não ocorreu. Nos potes que ficaram descobertos, foram descobertos ovos, larvas e moscas na carne. Em contrapartida, os potes cobertos com gaze não continham nenhuma dessas formas de vida.

 A hipótese de Redi foi verificada por este experimento, demonstrando que corpos em decomposição não geram vermes espontaneamente.

 

1.2. A descoberta de microrganismos

Os experimentos de Redi foram inicialmente vistos como evidência da teoria da biogênese, até a descoberta dos organismos microscópicos. Esta descoberta levou alguns investigadores a reconsiderar a teoria da abiogénese como uma explicação para a origem destes organismos.

 Segundo essa linha de pensamento, os microrganismos surgem espontaneamente em qualquer lugar, sem a necessidade de quaisquer seres vivos.

 No entanto, alguns cientistas discordaram desta explicação. Em vez disso, eles acreditavam que os microrganismos só emergem de sementes pré-existentes encontradas no ar, na água ou no solo.

 Estas sementes cresceriam e multiplicariam-se em condições favoráveis, o que se alinha com os princípios da teoria da biogénese.

 

2. Experiências de Needham e Spallanzani

Durante o ano de 1745, o estimado estudioso inglês John T. Needham (1713-1781) conduziu uma série de experimentos em que ferveu vários frascos cheios de substâncias nutritivas. Depois de fervidos, ele os selou com rolhas e deixou-os repousar por vários dias.

 Após inspeção ao microscópio, Needham descobriu a existência de microrganismos nessas soluções.

Segundo sua explicação, os microrganismos foram gerados espontaneamente. Ele atribuiu seu surgimento à “força vital” presente na solução nutritiva. Esta força foi responsável pela criação de formas vivas.

Posteriormente, no ano de 1770, um cientista italiano chamado Lazzaro Spallanzani (1729-1799) reproduziu os experimentos de Needham com certos ajustes e produziu resultados contrastantes.

 

Em seu experimento, Spallanzani pegou vários tipos de substâncias nutritivas e as selou em frascos de vidro para criar recipientes preparados. Esses frascos foram então colocados em caldeirões com água fervente e deixados para cozinhar por um período específico de tempo em um ambiente hermeticamente fechado.

Spallanzani criticou o experimento de Needham, afirmando que Needham não ferveu sua solução nutritiva por tempo suficiente para matar todos os microorganismos presentes nela e esterilizá-la.

 Needham respondeu a essas críticas dizendo que Spallanzani havia destruído a força vital e tornado o ar desfavorável ao aparecimento da vida ao ferver as substâncias nutritivas por muito tempo em recipientes hermeticamente fechados.

 Neste debate, o argumento de Needham ganhou força.

 

3. Experiência de Pasteur

 

Foi somente por volta de 1860, com os experimentos conduzidos por Louis Pasteur, que foi definitivamente comprovado que os microrganismos provêm de outros pré-existentes.

A ausência de microrganismos nos frascos com pescoço de cisne intacto e sua presença nos frascos com pescoço quebrado mostraram que o ar contém microrganismos. Quando esses microrganismos entram em contato com o líquido nutriente estéril do frasco, eles se desenvolvem.

 No frasco intacto, esses microrganismos não conseguem alcançar o líquido nutriente estéril porque ficam presos no filtro formado pelas gotículas de água que aparecem no gargalo do frasco durante o resfriamento.

 Porém, nos frascos com gargalos quebrados, esse filtro deixa de existir, e os micróbios presentes no ar podem entrar em contato com o líquido nutriente, onde encontram condições adequadas para seu crescimento e multiplicação.

A partir de então, a teoria da biogênese tornou-se universalmente aceita pelos cientistas.